
Presidente do Brasil mediou proposta de troca de combustível nuclear com a Turquia
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, faz o sinal da vitória ao lado do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após assinatura de acordo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (17) que o acordo fechado entre Brasil, Irã e Turquia para troca de combustível nuclear foi uma “vitória da diplomacia”. Lula participou da negociação com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, em Teerã.
O acordo prevê que o Irã envie à Turquia 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento para receber em troca combustível enriquecido a 20%, que seria usado em um reator de pesquisas médicas em Teerã. Pelo acordo, o urânio enriquecido será remetido no prazo de um ano. Nesse período, haverá supervisão de inspetores turcos e iranianos.
No programa de rádio Café com o Presidente, gravado de Teerã, Lula afirmou que o acordo mostra que é possível “construir a paz”.
- Foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir o desenvolvimento.
O governo brasileiro acredita que o acordo criará confiança na comunidade internacional e pode evitar que o Irã seja submetido a sanções da ONU por causa de seu programa nuclear, que as potências ocidentais lideradas pelos EUA dizem ser uma fachada para a tentativa de produção de armas atômicas, acusação que Teerã nega.
Lula disse que o Brasil sempre acreditou na possibilidade de acordo e que a negociação prova que é possível fazer política internacional baseada da confiança.
- Há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. O Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança. E não é possível fazer política sem ter uma relação de confiança.
Lula deixou o Irã nesta segunda-feira (17) e seguiu para a Espanha, onde participará da Cúpula União Europeia-América Latina. Em seguida, o presidente vai para Portugal, onde faz visita oficial.

Turquia diz que acordo com Irã
será anunciado nesta segunda-feira
Líder turco foi a Teerã de última hora para ajudar Lula a convencer Ahmadinejad

A Turquia disse neste domingo (16) que o Irã aceitou um acordo de troca de combustível nuclear, que poderá ajudar a encerrar a crise entre Teerã e o Ocidente. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu não deu mais informações e disse apenas que um anúncio oficial pode ser feito nesta segunda-feira (17).
- Sim, isso [acordo] foi alcançado após quase 18 horas de negociações.
Davutoglu falou após o jantar entre o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e o do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro-ministro turco, que havia cancelado sua ida ao Irã, foi de última hora a Teerã para se juntar a Lula na tentativa de convencer o Irã a aceitar a proposta originalmente feita pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre a troca de urânio.
Lula se encontrou com Ahmadinejad pela manhã e tarde deste domingo, mas os governantes apenas enfatizaram o reforço de suas relações bilaterais, deixando de fora qualquer comentário sobre a questão nuclear. Esperava-se que os dois já anunciassem um acordo em relação à troca de urânio.
A AIEA havia proposto originalmente que os iranianos enviassem a um terceiro país urânio pouco enriquecido (3,5%), recebendo em troca o combustível a 20%, grau necessário para o uso em reatores para fins médicos e científicos.
Endorgan está hospedado no mesmo hotel de Lula. O primeiro-ministro turco conversou com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, nesta última semana, antes de decidir ir ao Irã.
Acordo é visto como última chance para o Irã
A Turquia é parte crucial do acordo nuclear que Lula tenta costurar, já que seriam os turcos a receber o urânio "pobre" (com 3,5% de pureza) do Irã para transformá-lo em combustível nuclear, enriquecido a 20% de grau de pureza.
A mediação brasileira na questão do polêmico programa nuclear iraniano é vista por EUA e Rússia como a última chance do Irã para evitar novas sanções econômicas da ONU (Organização das Nações Unidas). EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Israel acusam o Irã de querer desenvolver bombas nucleares.
Lula chegou nesta sábado (15) a Teerã com uma delegação de 300 membros para uma visita de dois dias. Nesta segunda-feira (17), O presidente irá participar da reunião do G-15 (grupo de países em desenvolvimento).
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