JC Atibaia
Fabiana Matsuda
O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), que tem 85 anos, anunciou a renúncia na semana passada e afirmou que vai deixar a liderança da Igreja Católica Apostólica Romana devido à idade avançada, por não ter mais forças para exercer as obrigações do cargo. Em Atibaia, o Monsenhor Giovanni Barrese disse que se surpreendeu com a notícia, mas avaliou a atitude do Papa como um gesto de extrema humildade.
“Nós, da igreja,
devemos ter consciência de que qualquer cargo só tem sentido se for
serviço. Claro que a renúncia do Papa surpreendeu, porque não é algo
comum, há séculos isso não acontecia. Porém, humanamente falando,
pretender que uma pessoa com 85 anos, bem fragilizada, continuasse a
responder pela Igreja Católica, era muita coisa”, afirmou o Monsenhor
Giovanni. “Penso que ele teve um gesto de extrema humildade,
simplicidade e coerência, de perceber que não tendo condições de
administrar tudo isso, o melhor seria se afastar”, acrescentou.
Na opinião do
Monsenhor, a idade foi determinante para essa decisão. “Sem dúvidas,
pesou muito. A saúde do Papa também está fragilizada. Associado a isso
existem as dificuldades do cargo, as tensões dentro da igreja e as
respostas a essas mudanças que estamos vivendo. Todos os valores estão
sendo virados de cabeça para baixo.”
O Monsenhor acredita
que a maior parte das pessoas recebeu a notícia com profundo respeito à
decisão do Papa. “Tenho acompanhado as manifestações dos governos, dos
jornais europeus e todos tratam dessa forma. Naturalmente, agora surgem
as especulações, mas não estranho isso”, afirmou.
O Monsenhor ressaltou
ainda a importância do Papa. “Na igreja, como qualquer outra
instituição, existem pensamentos diferentes. Por exemplo, tem pessoa que
pode ir para extrema direita ou para extrema esquerda, o Papa é aquele
que vai orientar e ajudar a não desviar do caminho.”
Durante a trajetória
do Papa Bento XVI, que durou oito anos, Monsenhor Giovanni afirmou que
se surpreendeu com o pontificado dele. “Ao exercer um cargo tão
importante na congregação da doutrina da fé, que tem que cuidar da
ortodoxia da igreja, o Papa tomou atitudes muito severas, que, em alguns
casos, ao meu ver, não eram necessárias e poderiam ser decididas por
outro caminho, mas mesmo assim, seu pontificado foi sereno”, disse.
“Ele trabalhou para
que houvesse uma fidelidade ao Evangelho e a gente não caísse no
relativismo, ou seja, nada mais tem sentido. Bento XVI se empenhou muito
nessa área e por conta disso não foi compreendido. Nos dias de hoje, as
pessoas acreditam que tem que mudar, porque tem que mudar”, ressaltou.
Monsenhor Giovanni
avalia como positivo o pontificado de Bento XVI. “Acredito que cada Papa
acrescenta a sua época alguma característica fundamental. Cada um
exerce sua missão. Bento XVI teve o encargo de manter a unidade da
igreja, fez aquilo que em consciência deveria fazer. Agora vamos esperar
para ver o que vai acontecer.”
O Vaticano prevê que o
conclave de cardeais deve escolher o novo Papa até a Páscoa. A renúncia
de Bento XVI vai se formalizar no dia 28 de fevereiro, uma
quinta-feira. Até lá, o Papa estará totalmente encarregado dos assuntos
da igreja e irá cumprir os compromissos já agendados, segundo a Santa
Fé.
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