segunda-feira, 9 de julho de 2012

Suprema Corte do Egito rejeita ordem do presidente para restabelecer Parlamento


Apesar de o tribunal ter afirmado que sua decisão sobre a dissolução é "final e obrigatória", presidente do Parlamento convoca reunião para terça-feira

Fonte: iG 

A ordem decretada pelo presidente Mohammed Morsi para que o Parlamento do Egito fosse restabelecido foi rejeitada pela Suprema Corte do país, que afirma que sua decisão de dissolver a assembleia é obrigatória.
Após a decisão de Morsi, o presidente do Parlamento egípcio convocou uma reunião para a terça-feira. Saad al-Katatni convocou o Parlamento para uma sessão às 14h (9h de Brasília) de terça-feira, segundo a agência estatal egípcia, Mena.

O novo presidente, ex-membro da Irmandade Muçulmana, cujo Partido Liberdade e Justiça (PLJ) tem a maioria parlamentar, afirma que a assembleia deve funcionar até que novas eleições sejam realizadas.
Entretanto, a Suprema Corte do Egito, que se reuniu nesta segunda-feira, afirma que todas as suas decisões são "finais e não estão sujeitas a apelações".
O Supremo Conselho das Forças Armadas fez uma reunião de emergência após o anúncio da decisão presidencial, tomada no domingo. Nesta segunda-feira, os militares disseram esperar que todos respeitem a Constituição e as regras, em alerta a Morsi.
O conselho do Exército estava no poder desde o ano passado, após o governo de Hosni Mubarak - que comandava o Egito há 30 anos - ter sido derrubado por uma revolta popular. O controle do Exército, inicialmente, foi bem recebido pelos manifestantes que depuseram Mubarak, mas a sua presença no governo foi se tornando cada vez mais impopular e alvo de críticas, uma vez que grande parte da população passou a acreditar que os líderes militares queriam se agarrar ao poder.
Morsi venceu as primeiras eleições presidenciais livres do país no mês passado, e os chefes da Forças Armadas entregaram o poder formalmente no dia 30 de junho. Mas, antes disso, o conselho garantiu para si poderes constitucionais, legislativos e militares.
No mês passado, os militares impuseram uma ordem para dissolver o Parlamento, que foiapoiada pela Suprema Corte, porque membros de partidos contestaram os assentos reservados para os candidatos independentes.
Em seu decreto presidencial, Morsi afirma que novas eleições parlamentares ocorrerão 60 dias após a constituição ser votada em referendo.
A disputa entre a Irmandade Muçulmana e os militares está inserida em uma luta mais ampla de poder, que poderá levar anos até se consolidar, e que opõe os islâmicos reprimidos por muito tempo sob o regime Mubarak aos generais que governaram o Egito por seis décadas ao lado do ex-presidente.
Apesar das tensões, o presidente Mursi e Hussei Tantawi, chefe das Forças Armadas, foram vistos juntos em uma cerimônia de graduação militar nesta segunda-feira.
Além disso, em um possível indício de que os generais não vão confrontar Morsi abertamente, a agência estatal de notícias informou que os guardas do Parlamento permitiram que alguns deputados entrassem no edifício, que havia sido isolado quando o Exército ordenou sua dissolução.

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