quarta-feira, 21 de março de 2012

Conselho de Segurança tenta subir o tom contra a Síria


Proposta é aprovar uma declaração, que tem menos força que uma resolução, mas que conte também com assinaturas de Rússia e China para exigir que o regime de Assad aceite a mediação de Kofi Annan

Mais protestos contra o regime de Assad (retratado em caricatura) aconteceram na Síria nesta terça-feira
Mais protestos contra o regime de Assad (retratado em caricatura) aconteceram na Síria nesta terça-feira (Shaam News Network/Reuters)
O Conselho de Segurança da ONU começou a examinar nesta terça-feira um novo documento para tentar aumentar a pressão contra o regime de Bashar Assad na  Síria. A proposta, apresentada pela França, prevê a aprovação por unanimidade de uma declaração do Conselho de Segurança pede que o governo e a oposição sírios "trabalhem com boa fé" ao lado do emissário internacional Kofi Annan e "apliquem total e imediatamente" o plano de seis pontos proposto pelo ex-secretário-geral da ONU durante suas reuniões em Damasco. Além disso, propõe o fim da violência, a implantação progressiva de cessar fogo, a entrega de ajuda humanitária e um diálogo político.
Embora tenha peso menor que uma resolução, a declaração, se aprovada, contaria também com as assinatura da Rússia e China, dois aliados do regime de Assad que se recusam a aprovar qualquer resolução que condene a repressão do governo Sírio. Segundo o embaixador nas Nações Unidas, Gérard Araud, o texto começou a ser discutido na  manhã desta terça por especialistas, antes de uma reunião de embaixadores "para concluir as negociações, se isso for necessário", enfatizou.
As chances de sucesso da nova tentativa, porém, ficaram menores depois que o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, deu declarações rejeitando qualquer 'forma de ultimato’ para o regime sírio no documento. O país garantiu que estava disposto a votar uma declaração na ONU, desde que ela não atinja a ‘soberania’ do regime sírio, seu aliado. A intenção dos franceses era aprovar também uma previsão genérica de 'medidas suplementares' caso os pontos propostos na declaração não fossem aplicados nos sete dias seguintes à sua aprovação. Enquanto os embates diplomáticos se arrastavam em Nova York, a oposição síria denunciava um 'deslocamento' massivo das forças do regime de Assad em Damasco.
Direitos humanos - Na Síria, as tropas do regime continuam com suas operações em todo o país e enfrentam, principalmente em Damasco, as milícias do Exército Sírio Livre (ESL), formadas por desertores do exército regular.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou pela primeira vez violações dos direitos humanos cometidos pela oposição síria armada, em particular sequestros, torturas e execuções de militares e partidários do governo. "A estratégia brutal do governo sírio não pode justificar os abusos cometidos pelos grupos armados da oposição", declarou Sarah Leah Whitson, diretora da ONG para o Oriente Médio.

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