Ban: reconciliação palestina não deve impedir diálogo com Israel

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, que o processo de reconciliação com o Hamas não impeça as negociações de paz com Israel. "As duas vias, a da reconciliação palestina e a das negociações com Israel, não deveriam ser vistas como contraditórias nem excludentes", disse Ban em uma conversa telefônica com Abbas, segundo um comunicado emitido por seu porta-voz, Martin Nesirky, na sede central da ONU em Nova York.

O secretário-geral, que na semana passada visitou a região para impulsionar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, transmitiu sua "esperança" que o presidente da ANP se mantenha "comprometido com os esforços de diálogo dirigidos pelo rei da Jordânia", Abdullah II. No final de janeiro finalizaram sem sucesso os encontros diretos entre palestinos e israelenses auspiciados pela Jordânia para colocar propostas claras sobre segurança e fronteiras antes de reiniciar as negociações de paz.

Em qualquer caso, Ban reiterou a Abbas que "as Nações Unidas apoiaram sistematicamente o processo de reconciliação palestino dentro do marco dos princípios da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e sob a liderança do presidente Abbas". No diálogo que mantiveram hoje, Ban e Abbas trataram as conversas mantidas no Catar entre este último e o líder do Hamas, Khaled Meshaal, para conseguir a formação de um novo Governo de unidade e analisaram os acordos alcançados.

As facções palestinas rivais Fatah e Hamas superaram nesta segunda-feira o principal empecilho para sua reconciliação e concordaram em Doha que Abbas dirija o Governo de união nacional que preparará as próximas eleições. No acordo selado entre Abbas e Meshaal, que foi auspiciado pelo Catar, as duas partes se comprometeram com a formação de um Governo de consenso nacional que terá como missão preparar as eleições presidenciais e legislativas, previstas para o próximo 4 de maio, e a reconstrução da Faixa de Gaza.