
Alex Wong/25.01.2011/Getty Images/AFP
Obama discursa ao Congresso dos EUA sobre o
Estado da União; apresentação é dever do presidente americano
Estado da União; apresentação é dever do presidente americano
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez nesta terça-feira (25) seu segundo discurso sobre o Estado da União para o Congresso, apresentando suas prioridades políticas para o próximo ano. Ele não fez o discurso porque quis: é obrigado a fazer isso pelo Artigo 2º, seção 3, da Constituição do país. Ao pé da letra, “o presidente deve, de tempos em tempos, dar ao Congresso informações sobre o estado da União e recomendar à sua consideração, as medidas que julgar necessárias”.
O primeiro a cumprir essa escrita foi exatamente o primeiro presidente do país, George Washington, em 1790. Mas não é a Washington a quem Obama copia agora. Em seu último discurso frente ao Congresso e às câmeras das redes nacionais de televisão, o atual presidente aproximou-se do tom e do conteúdo ensinado por Ronald Reagan.
Em 2011, depois de ter perdido a maioria na Câmara dos Representantes [deputados] para os rivais republicanos, e com o país chocado pelo discurso radical desse partido, Barack se apresentou como o conciliador e ufanista.
O presidente martelou no tema de um suposto “destino manifesto” dos Estados Unidos. Esse conceito é tão antigo quanto o país. Prega que a nação americana tem vocação e uma espécie de mandato divino para liderar o mundo. As raízes dessa crença são religiosas e culturais, germinadas ainda durante o tempo da colonização.
Reagan, apontado como “o Grande Comunicador” por seus admiradores, era mestre em usar essa linha de ufanismo para ganhar apoio das massas. Foi ele quem melhor utilizou a televisão para marcar pontos com discursos no Congresso.
O primeiro presidente a ir frente às câmeras foi Harry Truman, em 1947. Antes dele, Franklin D. Roosevelt, em 1935, estreou o rádio como meio. Até então, desde Washington, os cidadãos só tomavam conhecimento daquilo que fora dito pelo líder nas páginas de jornal.
Discurso de Obama agrada a imprensa
A imprensa de agora, da escrita à eletrônica, adorou o discurso de Obama.
A estratégia mostrando um conciliador, em tempos de tiro ao alvo a congressistas, eleitores e até crianças - como ocorreu em Tucson, no começo do mês - provocou simpatias. As chamadas “medidas que julga necessárias”, de que diz o texto constitucional, foram submetidas ao Congresso e cidadãos em regime de dieta magra. O grosso do cardápio foi o apelo patriótico no estilo “autoajuda”.
Já havia gente antecipando essa linha de comunicação, disse ao portal o analista político independente Arnold Coperfield, da universidade CUNY, em Nova York. - Era possível adiantar o teor desse discurso do presidente, duas semanas antes de ele ocorrer. O atentado à congressista democrata Gabrielle Giffords chocou o país e passou a impressão de que os republicanos, principalmente a ala do Tea Party, está envenenando o país com seu palavrório. Imediatamente depois do atentado, diz Coperfield, o presidente subiu muito nas pesquisas de opinião.
- Sua equipe viu isso e tem procurado ganhar mais terreno mostrando um presidente ponderado, calmo e, agora, ufanista. Tem dado certo.
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