quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dilma segue Lula, ignora ricos e vai para a Argentina


Ex-presidente só apareceu em Fórum Econômico Mundial em 2003, 2005 e 2007

Silvia Izquierdo/01.01.2011/APSeguindo a tradição do padrinho político e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff ignorou o 41° Fórum Econômico Mundial,
em Davos (Suíça), que começou nesta quarta-feira (26) e vai até o próximo domingo (30). A decisão é mais um sinal do estilo da nova governante, que dá um recado ao mercado financeiro ao adiar seu primeiro encontro com empresários e líderes internacionais para, em vez disso, viajar até a Argentina para encontrar a presidente Cristina Kirchner em busca de acordos bilaterais. Ela embarca para Buenos Aires no próximo domingo. Ao dar de ombros ao fórum já no primeiro ano de mandato, Dilma segue os últimos passos de Lula, que só apareceu em Davos três vezes em seus oito anos de mandato: 2003, 2005 e 2007.
No ano passado, Lula havia confirmado presença, mas abortou a viagem depois de sofrer uma crise de hipertensão. A decisão foi um balde de água fria nas expectativas dos organizadores do Fórum, que, na tentativa de capitalizar com a popularidade de Lula, inventou de última hora o prêmio Estadista Global, que precisou ser entregue ao então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Lula não foi a Davos, mas apareceu no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, que também aconteceu no final de janeiro. Na ocasião, o então presidente desdenhou do Fórum Econômico.
- Tenho consciência de que Davos já não tem o glamour que eu pensava ter em 2003.
celso amorim kofi annan davos
Celso Amorim recebe prêmio de Lula no Fórum/2010    Virginia Mayo/AP
Neste ano, Dilma abre mão de um encontro com nada menos do que 2.500 empresários internacionais e 35 chefes de Estado, entre eles os presidentes Barack Obama (Estados Unidos), Nicolas Sarkozy (França) e a chanceler da Alemanha, Angela Merckel.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Presidência afirmou que “não há nenhuma justificativa” para a ausência de Dilma no fórum econômico. Segundo a assessoria, “ela decidiu não ir porque é início de governo e ela preferiu cuidar de outras prioridades”. Dilma mandou em seu lugar o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
O professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) João Ildebrando Bocchi afirmou ao portal que Dilma fez bem em privilegiar encontros bilaterais, como esse com a presidente argentina.
- Conversas bilaterais são mais interessantes. As relações Brasil-Argentina são extremamente mais importantes. Também já estão agendadas visitas do Obama ao Brasil e da Dilma aos Estados Unidos.
Ele explica que o fórum, por ser promovido por empresários, é um bom lugar para tirar fotografias ao lado de estadistas, mas ruim para decisões econômicas.
- Claro que Davos é um palanque de manifestação de governos e empresas, mas não é um lugar onde se formulam ou implantam políticas públicas.
Bocchi acredita que Dilma só não pode faltar em fórum oficiais, como o G7 e o G20, grupos que reúnem os países mais ricos do mundo. Ele diz que a decisão da nova presidente serve mesmo como sinal de seu estilo de governar.
- Essa atitude mostra qual será o estilo Dilma, que é de aparecer menos e conduzir as coisas mais tecnicamente. No caso do Lula, era objetivo dele ocupar espaço internacional. A situação da nova presidente parece que vem em outra direção.

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