Assassinatos, sequestros, ameaças e subornos levam jornalistas a evitar temas


Ciudad Juárez, considerada a cidade mais violenta do México, é uma das regiões afetadas pela lei do silêncio.
A cobertura sobre a violência do tráfico de drogas no México, um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas, é determinada cada vez mais pelas máfias que impõem a lei do "silêncio ou morte", denuncia um relatório publicado nesta quarta-feira (8), pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, nos Estados Unidos.
Diante de assassinatos, sequestros, ameaças e tentativas de suborno, muitos jornalistas do país têm tomado a decisão de não investigar temas vinculados ao narcotráfico, de acordo com o relatório Silêncio ou Morte na Imprensa Mexicana.
O documento inclui exemplos de crimes contra 22 profissionais da imprensa e três funcionários de meios de comunicação, além do desaparecimento de sete jornalistas, desde que o presidente mexicano, Felipe Calderón, ordenou aos militares que ajudem no combate ao tráfico de drogas, em 2006. Desde então, mais de 28 mil pessoas morreram em crimes relacionados.
Segundo Lauria, a variedade de meios usados para silenciar a imprensa inclui ameaças, subornos que levam à autocensura e, em alguns casos, a cumplicidade de autoridades.
O informe destaca que mais de 90% dos crimes contra a imprensa continuam impunes e reivindica medidas urgentes para "criar um ambiente em que os jornalistas possam fazer seu trabalho com certo grau de segurança".
Para Joel Simon, diretor-executivo do CPJ, "não é possível vencer a guerra contra as drogas se o país cede o controle da informação pública aos narcotraficantes".
Proteção a jornalistas
No fim de agosto, uma missão dos relatores para a Liberdade de Expressão da ONU (Organização das Nações Unidas) e da OEA (Organização de Estados Americanos) recomendou ao governo mexicano criar uma comissão de alto nível para proteger os jornalistas.
Como exemplo do silêncio que tem sido imposto nas regiões mexicanas mais afetadas pela violência, o CPJ menciona Reynosa, cidade vizinha à americana McAllen e situada no
Estado de Tamaulipas , que tem sido cenário de uma sangrenta disputa entre o cartel do Golfo e o grupo Los Zetas.
Nas últimas semanas, a violência resultou na chacina de 72 migrantes, na explosão de dois carros-bomba e em tiroteios em estradas e ruas. Os jornalistas que não acatam a lei do silêncio sofrem graves represálias. Três jornalistas de Reynosa desapareceram em março e as suspeitas são de que tenham sido mortos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário