Líder comunista apoia as reformas ainda modestas do regime executadas por seu irmão

Fidel ainda criticou o presidente do Irã por fazer comentários antissemitas e negar a existência do Holocausto.
Fidel Castro disse que o modelo econômico de Cuba não funciona mais, escreveu um jornalista dos EUA nesta quarta-feira (8), após realizar entrevistas com o ex-presidente cubano na semana passada.
Jeffrey Goldberg, articulista da revista Atlantic Monthly, contou num blog que perguntou a Fidel, de 84 anos, se ainda vale apenas tentar exportar o modelo comunista cubano para outros países. "O modelo cubano não funciona mais nem para nós", teria respondido Fidel.
O comentário parece refletir a concordância de Fidel - já manifestada numa coluna em abril na imprensa estatal cubana - com as modestas reformas econômicas que vêm sendo promovidas por seu irmão caçula Raúl, atual presidente de Cuba
Goldberg cita, em seu post, as impressões da especialista em assuntos de Cuba do Conselho de Relações Exteriores, Julia Sweig, que o acompanhou na viagem. A professora considera que as palavras de Fidel mostram que o líder cubano hoje concorda que "o Estado tem um papel grande demais na vida econômica do país".
Tal sentimento ajudaria Raúl, no poder desde 2008, a enfrentar a oposição de membros do Partido Comunista que são contrários às tentativas de enfraquecer o domínio econômico estatal, disse Sweig a Goldberg.
Fidel criticou antissemitismo de presidente do Irã
Na terça-feira, Goldberg escreveu que Fidel o chamou a Havana para discutir seu recente artigo sobre a possibilidade de um conflito nuclear entre Israel e Irã, com possível envolvimento dos EUA.
O jornalista disse que Fidel criticou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por fazer comentários antissemitas e negar a existência do Holocausto.
Depois de reaparecer em público após quatro anos de afastamento por motivos de saúde, Fidel se tornou um ativista do desarmamento nuclear. Ele teme uma guerra atômica caso Israel e os EUA tentem impor o cumprimento de sanções internacionais ao programa nuclear iraniano. Washington e seus aliados acusam Teerã de tentar desenvolver armas atômicas, o que a República Islâmica nega.
Líder cubano aparentar estar frágil, mas lúcido
Fidel também criticou suas próprias ações durante a chamada Crise dos Mísseis, em 1962, quando ele aceitou a instalação de ogivas nucleares soviéticas na ilha e tentou convencer Moscou a atacar os EUA. Na entrevista a Goldberg, ele disse que aquele impasse "não valeu nada a pena".
Durante a visita, Goldberg e Sweig foram com Fidel, a convite dele, assistir a uma exibição de golfinhos no Aquário Nacional de Cuba. Estavam acompanhados pela líder judaica local Adela Dworin, a quem Fidel beijou diante das câmeras, numa possível mensagem aos líderes iranianos, disse Goldberg no seu blog na quarta-feira.
O autor disse que Fidel lhe pareceu fisicamente frágil, mas mentalmente lúcido e com energia.
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