Governo deve gastar R$ 56 milhões no projeto que começa a ser implantado neste ano

Foto:AFP
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, anunciou nesta segunda-feira (3) um novo projeto conjunto da Polícia Federal com a Força Nacional que prevê a instalação de 11 bases ao longo das fronteiras brasileiras com todos os seus vizinhos da América do Sul.
A intenção é unir o projeto da Polícia Especializada de Fronteira (Pefron) - da Força Nacional de Segurança Pública - ao projeto Sentinela, da Polícia Federal.
As bases serão instaladas nos Estados do Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, em um total de investimentos de R$ 60 milhões em 2010, para aquisição de lanchas, helicópteros, inteligência e policiais para que o tráfico de drogas e armas seja combatido.
"Nós vamos unir os dois projetos e criar quadros com policiais da Força Federal e da Força Estadual para preparar para o enfrentamento ao crime na fronteira, principalmente para ter maior controle de armas e drogas", disse o ministro, em entrevista em Ponta Porã (MS), onde acompanha o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo.
Barreto ainda disse que o governo brasileiro está em processo de comprar aeronaves não tripuladas israelenses com objetivo de monitorar plantações de maconha e estabelecimentos para refino da cocaína, facilitando o combate ao narcotráfico.
- Será uma cooperação técnica com os países vizinhos, e em conjuntos com as inteligências para o combate ao tráfico na fronteira. Vamos dar uma resposta muito concreta à entrada de ilegais nas nossas fronteiras. E aí, com as bases, o nosso interesse é em empreender cooperação com o país vizinho, a fim de combatermos em conjunto estes crimes que atingem os dois países.
O ministro também disse que a ação integrada já desenvolvida pela Polícia Federal, para atuar nas regiões das fronteiras com Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. De acordo com o ministro, 506 policiais já estão em fase de treinamento presencial e por ensino à distância, para estabelecer estratégias distintas para cada fronteira.
Somente em Mato Grosso do Sul, onde o tráfico de drogas e armas tem como uma principais portas de entrada, a fronteira com o Paraguai tem 1.364 mil km e com a Bolívia 3.423 mil km.
Perto do início da tarde, os presidentes participavam do encerramento do seminário empresarial "Brasil-Paraguai: Perspectivas de Comércio e Investimentos na Fronteira", no Centro de Convenções de Ponta Porã.
Violência e tráfico assustam região de fronteira
Mesmo com o forte redirecionamento de bases militares e policiais para as regiões de fronteira, elas ainda são um ponto de passagem de drogas, tráfico e contrabando. Cada vez mais profissional, já que o “romantismo” dos sacoleiros dos anos 80 deu lugar a quadrilhas cada vez mais organizadas e que passam de tudo pelas fronteriras do país.
Armas são alguns dos itens mais perigosos que furam os bloqueios nos limites do país. A questão foi reacendida na última semana, quando um atentado contra o senador paraguaio Robert Acevedo (Partido Liberal Radical Autêntico) na cidade irmã de Ponta Porã, Pedro Juan Caballero, chamou a atenção para possíveis elos de facções criminosas brasileiras com paraguaias.
Uma outra hipótese, a de que os homens que atacaram Acevedo sejam pistoleiros contratados também não apaga as questões sobre a facilidade de cometer atos irregulares na região e a falta de policiamento.
Do lado paraguaio, a região de Pedro Juan Caballero está em uma área que recebeu um reforço policial do país, já que o Departamento no qual se localiza, Amambay, está sob o estado de exceção decretado pelo presidente Lugo para combater a guerrilha do EPP. Os paraguaios acusam, inclusive, o Brasil de colaborar com a guerrilha, de caráter socialista e que tem colaborado na expulsão de lavradores brasileiros, por abrigar três homens acusados de participar do grupo.
O Brasil nega as acusações e refutou o Paraguai na última semana ao afirmar que não há provas que liguem os três a atividades recentes do EPP. O Paraguai apresentou apenas artigos de jornal implicando os três paraguaios que têm refúgio no Brasil, de acordo com autoridades brasileiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário