Cerimônia acabou por marcar reaproximação com a Rússia

Foto:AFP
O presidente polonês Lech Kaczynski e sua esposa Maria Kaczynska, mortos em uma tragédia aérea na Rússia, foram enterrados neste domingo (18) em uma cripta na catedral de Wawel, na Cracóvia, um panteão de heróis nacionais poloneses.
Cerca de 150 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre em Varsóvia, antes do transporte para a Cracóvia. A cerimônia na catedral de Wawel foi restrita a membros da família, chefes de Estado e autoridades convidadas. Entre os presentes, estavam a filha do casal, Marta, a neta, Ewa, o genro, Marcin Dubieniecki, e o irmão gêmeo de Kaczynski, Jaroslaw.
A escolha do local se tornou um centro de polêmica na Polônia, que ganhou a oposição de nomes importantes como o cineasta Andrzej Wajda, que vive em Cracóvia, e muitos outros políticos e intelectuais.
A polêmica foi ainda maior pelo fato de a primeira-dama também ter sido enterrada no local. Em artigo no jornal Gazeta Wyborcza, a colunista Aleksandra Klich-Siewiorek, entrevistou moradores de Cracóvia incomodados com o fato, já que o general Jozef Pilsudski, por exemplo, não foi enterrado com sua mulher.
A cripta na Catedral de Wawel, castelo que abrigou os reis poloneses em seu melhor período, quando Cracóvia se tornou a capital do país, abriga os restos mortais dos reis poloneses. A única exceção foi Pilsudski, um herói nacional da reunificação do país após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Além da discussão sobre o local do enterro, a cena política polonesa também começa a ficar conturbada. O país teve de adiantar o primeiro turno das eleições de setembro para junho e o presidente, que era candidato à reeleição, além do candidato do principal partido esquerdista, o SLD, morreram no acidente.
Com isso, a Presidência passou temporariamente para um dos candidatos à eleição, Bronislaw Komorowski, que tem o apoio do primeiro-ministro, Donald Tusk.
Cerimônia foi esvaziada por nuvem de cinzas, mas marca reaproximação com a Rússia
A nuvem de cinzas gerada pela erupção do vulcão Eyjafjallajokull na Islândia levou ao cancelamento da presença de vários chefes de Estado na cerimônia polonesa.
Líderes como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, e a chanceler alemã, Angela Merkel, acabaram por não comparecer ao funeral.
Por outro lado, líderes de países mais próximos, como República Tcheca, Ucrânia e Rússia compareceram.
O destaque foi para o presidente russo, Dmitri Medvedev, que convidou Komorowski a visitar Moscou em 9 de maio, quando marcam o 65º aniversário da vitória contra a Alemanha nazista.
O ato pode ser um sinal de que a aproximação entre Rússia e Polônia não será danificada pelo acidente, que matou 97 pessoas, entre as quais mais de 70 funcionários e personalidades polonesas, quando eles se dirigiam para uma cerimônia em memória dos 22 mil poloneses mortos pelos soviéticos na floresta de Katyn, em 1940.
O assassinato em massa de poloneses destacados – militares, professores, acadêmicos, religiosos e empresários – ocorreu durante a divisão da Polônia pela União Soviética e a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A União Soviética apenas reconheceu o crime quando já estava fadada a deixar de existir, em 1990. Foi apenas em 8 deste mês que, pela primeira vez, representantes dos dois países fizeram uma cerimônia comum para lembrar Katyn, com a presença do primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, e do primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin.
A cerimônia para qual Kaczynski se dirigia era reservada aos poloneses e iria acontecer no último dia 10.
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