Representante de bispos italianos pede expulsão a quem minimizar casos de abuso
O poderoso líder dos bispos italianos, respondendo à crescente pressão sobre o Vaticano, disse neste domingo (11) que aqueles na Igreja que negligenciaram, minimizaram ou encobriram casos de abuso sexual contra crianças deveriam ser expulsos.
O cardeal Angelo Bagnasco afirmou em entrevista a um jornal que a pedofilia é um "crime hediondo" e ainda mais grave quando cometido por membros da Igreja.
- Até cada uma das pessoas violadas, e suas famílias, eu sinto vergonha e remorso, particularmente nos casos em que não foram ouvidos por aqueles que deveriam ter agido na hora certa.
A declaração foi dada ao jornal Il Sole 24 Ore.
- Casos comprovados de negligência, subestimação dos fatos, ou encobrimento deliberado, serão processados rigorosamente dentro e fora da Igreja e, como já tem acontecido em alguns casos, terá como resultado a remoção e destituição das pessoas envolvidas.
As palavras de Bagnasco parecem demonstrar uma mudança de postura à medida que o Vaticano, que até agora vem tentando afastar as conversas sobre os encobrimentos, sofre cada vez mais pressão das vítimas de abuso para falar e agir decisivamente para expor os padres predadores.
O Vaticano tem enfrentado crescentes alegações de ter negligenciado e encoberto casos de abuso no passado de crianças por padres nos Estados Unidos e em alguns países europeus por se preocupar mais com a imagem da Igreja do que com as vítimas.
Vaticano nega que Bento 16
tenha resistido a afastar padre
Na época em que era cardeal, papa teria encoberto caso de pedófilo para proteger Igreja
O Vaticano repudiou nesta sexta-feira (9) a notícia publicada pela imprensa norte-americana de que o papa Bento 16, quando era cardeal, teria encoberto o caso de um padre pedófilo denunciado no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 1985.
Segundo publicou nesta sexta-feira (9) o jornal The Washington Post, o então cardeal Joseph Ratzinger, que na época comandava a Congregação para a Doutrina da Fé - cargo que ocupou até ser eleito pontífice -, expressou em uma correspondência a sua preocupação pelas consequências que a remoção do sacerdote Stephen Kiesle poderia ter "para o bem da Igreja".
O padre Ciro Benedittini, vice-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, disse à Ansa:
- O então cardeal Joseph Raztinger não encobriu o caso, mas, como se evidencia claramente na carta, fez presente a necessidade de se estudar o caso com maior atenção, pelo bem de todos os envolvidos.
A carta, dirigida à diocese de Oakland, fazia parte de uma série de textos que discutiam a conduta do padre Kiesle, acusado de pedofilia e que deveria retornar ao seu status de leigo. O Vaticano confirmou que a assinatura presente no texto seria a de Ratzinger.
A nova acusação sobre o trabalho do papa se soma aos recentes casos denunciados pela imprensa mundial. Em março, o The New York Times já havia questionado o papel de Bento16 quando ele chefiava a Arquidiocese de Munique e Freising (1977-1982), na Alemanha.
Nas últimas semanas, o NYT também publicou que o então prefeito do dicastério teria decidido não punir o padre norte-americano Lawrence Murphy, acusado de ter molestado ao menos 200 crianças surdas. Ambas as acusações também foram refutadas pelo Vaticano.
Vaticano lançará cartilha contra pedofilia em seu site
Igreja Católica está sendo abalada por uma série de denuncias de abuso sexual de religiosos

fazem protesto na praça São Pedro, no Vaticano, no último mês
O Vaticano se prepara para publicar em seu site as diretrizes para a luta contra a pedofilia, polêmica que abala a Igreja Católica.
A publicação da cartilha no portal (www.vatican.va) ainda não tem previsão para entra no ar, mas já pode estar disponível a partir de segunda-feira (12).
A administração dos casos de padres pedófilos da Igreja Católica se baseia no direito canônico (da igreja) em geral e por uma iniciativa própria em 2001.
Naquele ano, João Paulo 2° publicou um decreto sobre crimes graves a partir de um documento da Congregação para a Doutrina da Fé,então presidida pelo cardeal Joseph Ratzinger, futuro papa Bento 16.
O Vaticano pedia aos bispos que se informassem sobre casos de sacerdotes pedófilos, assim eles seriam transferidos imediatamente e impedidos de qualquer contato com os jovens.
A Igreja está sendo afetada, há várias semanas, por uma série de escândalos de pedofilia cometidos por religiosos e é acusada de ter mantido silêncio diante dos episódios.
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