A Rússia ainda tem que enviar mísseis avançados antiaéreos para a Síria, disse nesta quinta-feira uma fonte próxima ao Ministério da Defesa russo, mas o presidente Bashar al-Assad disse que Moscou ainda estava comprometido por contrato a entregá-los. Um jornal libanês citou anteriormente Assad dizendo em uma entrevista que Moscou já tinha enviado um primeiro carregamento de mísseis S-300. Quando a entrevista foi transmitida, no entanto, o líder sírio não disse se os mísseis tinham chegado.
"Tudo o que acordamos com a Rússia será cumprido, e
parte disso já aconteceu", disse, sem dar mais detalhes. A chegada dos
mísseis seria vista como uma grande preocupação para os países regionais
e do Ocidente que se opõem a Assad.
Os mísseis avançados tornariam mais perigoso para os
países ocidentais impor qualquer zona de exclusão aérea sobre o espaço
aéreo sírio, e poderiam até ser usados para derrubar aeronaves no espaço
aéreo de vizinhos como Israel e Turquia. A Rússia prometeu entregar o
sistema de mísseis apesar das objeções ocidentais, dizendo que a medida
iria ajudar a estabilizar o equilíbrio regional.
Moscou é um aliado leal de Assad e parece adotado uma
postura mais desafiadora desde que a União Europeia deixou seu embargo
de armas à Síria expirar em 1º de junho, abrindo a possibilidade de
países da UE armarem rebeldes sírios.
Questionado em sua entrevista para a televisão Al-Manar
do Líbano sobre a entrega de mísseis russos de defesa aérea S-300, Assad
disse: "Os contratos com a Rússia não estão ligados à crise e a Rússia
está comprometido em implementar esses contratos".
Uma fonte próxima ao Ministério da Defesa russo disse
que o "hardware" do míssil ainda não estava na Síria, mas que "certas
medidas ou partes do contrato podem ter sido cumpridas", sem entrar em
maiores detalhes. A fonte disse que Moscou inicialmente teve escrúpulos
de cumprir o contrato de 2010 por causa da luta na Síria, mas que
decidiu ir adiante depois que a OTAN estacionou suas próprias armas
terra-ar - os mísseis Patriot - na Turquia, perto da fronteira síria.
"Nós o colocamos (o contrato) em espera por certo
período de tempo, mas como vimos que não havia boa vontade (da OTAN),
decidimos cumprir o contrato". Os Estados Unidos, a França e Israel
pediram à Rússia que suspendesse a entrega dos mísseis.
Mais de 80 mil pessoas foram mortas na Síria desde que
protestos pacíficos contra quatro décadas de governo da família Assad se
transformaram em uma guerra civil, opondo as forças presidenciais e de
seu aliado, o Hezbollah, contra os rebeldes sírios e uma enxurrada de
militantes sunitas que vieram do exterior para ajudá-los.
Moscou diz que a expiração do embargo da UE complica os
esforços liderados por russos e norte-americanos para estabelecer uma
conferência de paz entre o governo sírio e seus oponentes, que exigem o
fim imediato do regime da família Assad.
Assad disse que seu governo planejava ir à conferência
"Genebra 2", embora não estivesse convencido de um resultado proveitoso e
tenha prometido continuar combatendo o levante. Questionado se a Síria
tinha qualquer precondição para comparecer, ele disse: "a única condição
é que o que for implementado seja submetido à opinião pública síria e a
um referendo sírio".
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