segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Presidente da Colômbia confirma diálogo preliminar com as Farc

Acordo de paz teria sido assinado em Havana, segundo a Telesur.
Governo colombiano negou, e guerrilha ainda não se pronunciou.

Do G1

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou nesta segunda-feira (27) que o governo realiza "conversações exploratórias" com a guerrilha das Farc visando acabar com o conflito armado no país.
"Desde o primeiro dia do meu governo tenho cumprido com a obrigação constitucional de buscar a paz. Desenvolvemos conversações exploratórias com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para buscar o fim do conflito" e os resultados serão divulgados nos próximos dias, revelou Santos em mensagem pela TV.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, fala à imprensa na sede do governo, em Bogotá, nesta segunda (27) (Foto: John Vizcaino / Reuters)
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, fala à imprensa
na sede do governo, em Bogotá, nesta segunda (27) (Foto: John Vizcaino / Reuters)

A mensagem também foi reproduzida pelo presidente em sua conta no Twitter. "Quero manifestar que as abordagens tem sido feitas e as que serão feitas no futuro são orientadas pelos seguintes princípios: 1) Vamos aprender com os erros do passado para não repetí-los. 2) Qualquer processo tem que levar ao fim do conflito, não à sua prolongação", escreveu em mensagens no perfil (@JuanManSantos).
De acordo com a emissora de TV Telesur, o governo da Colômbia e os rebeldes das Farc assinaram um acordo em Havana, Cuba, para começar negociações de paz.
O conteúdo do acordo deve ser divulgado em breve pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que também vai informar sobre a agenda do diálogo, segundo o canal.

O governo colombiano negou a notícia e afirmou que o governo fará um pronunciamento "quando houver o que ser anunciado".
A guerrilha ainda não se pronunciou.
Segundo a rede de TV, o início formal dos diálogos entre as duas partes está previsto para outubro na cidade de Oslo, na Noruega.
Depois, os representantes do governo e das Farc se reuniriam novamente em Havana.
Nessa reunião, o objetivo seria estabelecer um pacto de paz que termine com os mais de 50 anos de conflito.
O processo teria sido iniciado em maio deste ano, quando conversas secretas sobre o assunto foram iniciadas em Havana, com o acompanhamento dos governos de Venezuela, Cuba e Noruega.
Ainda de acordo com a TV, os principais envolvidos nesse processo por parte das Farc foram o comandante guerrilheiro Maurício, mais conhecido como “o médico”, e os rebeldes Rodrigo Granda, Marcos Calarcá e Andrés París.
Por parte do governo colombiano participaram o atual conselheiro de segurança, Sergio Jaramillo, o ministro do Meio Ambiente, Frank Pearl, e Enrique Santos Calderón, irmão do presidente da Colômbia.
As Farc, fundadas há mais de 45 anos, são a principal guerrilha da Colômbia, com cerca de 9.200 combatentes atualmente, segundo números do Ministério da Defesa.
O governo a considera um grupo terrorista.
A guerrilha vinha manifestando intenção de negociar com o atual governo.
Há meses há boatos sobre supostas negociações.
O ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, criticou o acordo, que afirmou beneficiar a tentativa de reeleição do venezuelano Hugo Chávez.
A Reuters afirma ter falado com uma fonte do governo que confirmou as negociações, que poderiam ocorrer na Noruega ou mesmo em Cuba.
Elas incluiriam a garantia de não extradição dos chefes principais da guerrilha.
Muitos dos líderes das Farc são requisitados pelos Estados Unidos para serem julgados por tráfico de drogas e terrorismo.
Embora tenha sido enfraquecido por uma ofensiva militar apoiada pelos Estados Unidos na qual vários de seus comandantes foram mortos e milhares de combatentes desertaram, o grupo rebelde ainda mantém a capacidade de cometer ataques de grande impacto.
Só no domingo, seis pessoas, incluindo duas crianças, morreram com a explosão de uma bomba perto de VistaHermosa, uma cidade no Estado de Meta, sudeste da Colômbia, uma ação que o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, atribuiu às Farc.
Com as recentes ações, a guerrilha, que conta com cerca de 8.000 combatentes e é considerada uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia, aparentemente deve ter tentado demonstrar seu poderio militar antes da eventual negociação de paz, segundo analistas.
A piora da segurança foi o principal fator que contribuiu para a queda na popularidade do presidente Santos, que em agosto cumpriu a metade de seu mandato de quatro anos e começou um processo de reorganização de seu gabinete de ministros que inclui a reorientação de suas principais políticas.
As últimas negociações de paz com as Farc aconteceram durante o governo do ex-presidente conservador Andrés Pastrana e se estenderam entre 1999 e 2002, mas o processo fracassou por uma intensificação dos ataques e os sequestros por parte do grupo rebelde.
A fracassada negociação aconteceu na Colômbia, em meio a uma zona desmilitarizada de 42 mil quilômetros quadrados --duas vezes o tamanho de El Salvador-- depois que o governo concordou em ceder o controle aos rebeldes, que a utilizaram para se proteger, fazer atividades do narcotráfico e se fortalecer militarmente, de acordo com fontes de segurança.
Policiais guardam nesta segunda-feira (23) em Bogotá parte do arsenal que, segundo as autoridades, seria destinado às Farc (Foto: AP)
Policiais guardam em Bogotá, em 23 de abril, parte de arsenal apreendido
que, segundo as autoridades, seria destinado às Farc (Foto: AP)

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