Ação da polícia contra mineiros grevistas que pediam aumento salarial deixaram ao menos 34 mortos no nordeste do país

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, ordenou a realização de um inquérito sobre a violência próximo a uma mina no nordeste do país, que deixou 34 mortos.
Além dos mortos pela polícia , que abriu fogo contra trabalhadores da mina de platina em greve na quinta-feira, ao menos 78 ficaram feridos.
Ao classificar as mortes como “trágicas”, Zuma disse que estava “entristecido e consternado” com os eventos chocantes, e ofereceu condolências sinceras às famílias que perderam parentes nos confrontos.
“Temos de descobrir a verdade sobre o que aconteceu lá. Decidi instituir uma comissão de inquérito. Isso nos permitirá chegar à verdadeira causa do incidente e tomar as lições necessárias.”
Zuma disse ainda que seu sentimento está com as famílias que perderam seus entes, mas também com a polícia “que tem de intervir em situações difíceis”.
“Hoje não é uma ocasião para culpar, apontar responsáveis ou recriminar. O dia de hoje nos desafia a restaurar a calma e dividir a dor das famílias e comunidade afetadas. O dia de hoje é para nos lembrarmos das nossas responsabilidades enquanto cidadãos.”
Tragédia
Em um dos piores episódios de violência no país desde o fim do regime do apartheid (1948-1994), a polícia sul-africana abriu fogo contra mineiros em greve e matou mais de 30 na quinta-feira.
Os mineiros, que estavam armados com paus e facões, pediam aumentos salariais e organizavam um protesto, em uma mina a 200 km de Johannesburgo.
As tensões vinham crescendo nas últimas semanas, com confrontos entre sindicatos grevistas rivais. Dez pessoas, entre grevistas e policiais, já haviam sido mortas. Mas os enfrentamentos de quinta-feira ganharam contornos de massacre.
Primeiro, os policiais tentaram dispersar os grevistas com gás lacrimogêneo e jatos d'água. Segundo jornalistas que presenciaram a cena, isso afastou alguns mineiros. Mas, quando um grupo deles começou a correr em direção à polícia, os policiais abriram fogo com metralhadoras.
Cenas de enfrentamento desse tipo envolvendo a polícia não eram vistas no país desde a época do regime de segregação racial.
Os policiais dizem ter sido alvejados pelos grevistas, com uma arma supostamente roubada da polícia que foi encontrada depois.

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