LAGOS, Nigéria, 6 Abr 2012 (AFP) -A Comunidade Econômica dos Estados do Oeste da África (CEDEAO) ameaçou nesta sexta-feira recorrer à força para preservar "a integridade territorial" do Mali, após a declaração da independência do "Azawad", no norte do país.
A Comissão da CEDEAO "adverte a todos os grupos armados do Norte do Mali que o país é indivisível e que utilizará todos os meios, inclusive a força, para garantir sua integridade territorial".
A CEDEAO "denuncia" e considera "nula" a proclamação da véspera da rebelião tuaregue de declarar a independência do Azawad, uma vasta zona dominada por grupos armados islâmicos e criminosos.
A organização oeste-africana, que tem 15 membros, entre eles o Mali, planeja desde o golpe militar de 22 de março em Bamaco enviar uma força ao território malinês.
A junta militar em Bamaco firmou nesta sexta-feira com a CEDEAO um acordo para a restituição da ordem constitucional, que prevê um mandato interino para o chefe do Parlamento.
"Há um acordo firmado" pelo chefe da junta militar, capitão Amadou Sanogo, e por Djibrill Bassolé, representante do mediador para a crise malinesa.
O texto prevê que a Corte Constitucional "constate a vacância da presidência" e trabalhe para que o chefe do Parlamento assuma o poder interino, disse uma fonte ligada à junta.
O acordo também contempla "medidas legislativas de acompanhamento da transição", incluindo uma "lei de anistia geral para os membros" da junta militar e seus associados.
O Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA) proclamou nesta sexta-feira a "independência" desta região no norte do Mali, dividindo o país em dois.
"Proclamamos solenemente a independência do Azawad a partir deste dia", declarou o porta-voz do MNLA Mossa Ag Attaher, prometendo respeitar "as fronteiras dos estados limítrofes".
O anúncio ocorreu após os rebeldes tuaregues e grupos islâmicos tomarem o controle das três cidades do norte - Kidal, Gao e Timbuktu - sem nenhuma resistência por parte do Exército malinense, desorganizado e desarmado.
O norte do Mali, uma vasta região em sua maioria desértica, berço dos tuaregues, é controlado por vários grupos armados, com reivindicações e interesses muito divergentes, entre os quais há islamitas e traficantes de drogas.
Todos esses grupos proliferaram graças ao retorno da Líbia de centenas de homens, entre eles ex-rebeldes tuaregues fortemente armados que combateram ao lado do regime de Muamar Kadhafi até sua queda, em agosto de 2011.
O Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA, rebelião tuaregue) é uma organização político-militar que nasceu pouco depois, no final de 2011, da fusão de grupos rebeldes que tinham por objetivo "libertar o povoado de Azawad da ocupação ilegal de seu território pelo Mali".
Azawad, ao norte do rio Níger, é o reduto natural dos tuaregues, comunidade nômade da faixa sahel-saariana.
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