
Armas à oposição: EUA analisam riscos de envolvimento maior em conflito na Síria
As forças do governo tentam destruir bolsões de resistência em Homs, o epicentro do levante de 11 meses que aproximou o país ainda mais da guerra civil. O intenso bombardeio contra bairros como Baba Amr dificulta conseguir medicamentos e assistência para os feridos, e algumas áreas estão há dias sem eletricidade, disseram ativistas.
"Franco-atiradores estão em todos os telhados de Baba Amr, atirando nas pessoas", disse por telefone à Associated Press Abu Muhammad Ibrahim, um ativista em Homs. "Qualquer coisa que se mova, mesmo um pássaro, é alvo", completou com sons de explosões ao fundo. "A vida está completamente interrompida. É uma cidade de fantasmas."
Acredita-se que centenas morreram desde a manhã de sábado no bombardeio mais pesado que a cidade enfrentou desde o início do levante, em março. De acordo com os Comitês de Coordenação Local, uma rede de ativistas antigoverno que monitora a violência, houve 105 mortes em todo o país nesta quinta-feira, incluindo 95 em Homs, a terceira maior cidade do país. Não é possível verificar os dados de forma independente porque o regime do presidente Bashar al-Assad não permite o trabalho independente de jornalistas no país.
"Esse assalto brutal nas áreas residenciais mostra o desprezo das autoridades sírias pelas vidas dos cidadãos em Homs", disse Anna Neistat, diretora associada de emergências da Human Rights Watch (HRW). De acordo com essa ONG, testemunhos e vídeos analisadas por especialistas em armas do grupo sugerem que as forças sírias vêm usando armas de longo alcance, como morteiros, na ofensiva. "Essas armas realizam disparos indiscrimados em áreas densamente povoadas", disse o HRW.
Os feridos lotam hospitais e clínicas improvisados, e há crescentes temores de que o cerco à cidade poderia fazê-la ficar sem medicamentos em breve. "Há remédios nas farmácias, mas é muito difícil transportá-los para as clínicas em campo. Elas não conseguem os medicamentos para os feridos", disse o ativista sírio Mohammed Saleh à AP por telefone. Segundo ele, Baba Amr está sem eletricidade desde sábado.
A ofensiva em Homs começou após informações não confirmadas de que desertores do Exército e outros opositores armados estavam estabelecendo postos de controle e tomando algumas áreas da cidade, que é a capital da maior província síria - indo da fronteira do Líbano à fronteira do Iraque. Se os rebeldes continuarem ganhando terreno ali, alguns acreditam que eventualmente poderiam estabelecer uma zona parecida a Benghazi, na Líbia, de onde foi lançado o bem-sucedido levante contra Muamar Kadafi no ano passado.
Diplomacia contra a violência
Enquanto a violência persiste, a comunidade internacional procura novas estratégias diplomáticaspara acabar com a crise no país, após Rússia e China terem vetado uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o regime do presidente Bashar Al-Assad.
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O governo sírio diz que uma conspiração externa liderada pelo Ocidente e por Israel é responsável pelo levante popular iniciado em março. Segundo Damasco, gangues armadas e terroristas estão por trás dos tumultos, e não manifestantes que buscam uma mudança democrática. O levante começou com protestos em sua maioria pacíficos, mas transformou-se em uma insurgência armada contra Assad em muitas áreas, estimulando temores de que o país caminha para uma guerra civil.
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