segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Acordo grego pode estar próximo, mas incertezas permanecem



Manifestantes em Atenas (Getty)
Os gregos voltaram a protestar no domingo contra as novas medidas

Ministros das Finanças da zona do euro declararam nesta segunda-feira estarem otimistas de que um acordo para a aprovação de um pacote de resgate financeiro de 130 bilhões de euros (R$ 293 bilhões) para a Grécia pode ser aprovado em breve, embora ainda restem detalhes a serem acertados e dúvidas sobre o poder de recuperação econômica do país.
"Acredito que todos estão trabalhando para um acordo e estamos cada vez mais otimistas", disse a porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Marianne Kothe.
No entanto, por volta de 2h30 desta terça-feira em Bruxelas (23h30 de segunda-feira, pelo horário de Brasília), os ministros continuavam trabalhando em um acordo, sem previsão para o anúncio de um resultado.
Antes do encontro de representantes dos países da zona do euro em Bruxelas, nesta segunda-feira, o ministro das Finanças francês, François Baroin, disse que "temos todos os elementos para (fechar) um acordo".
Embora ressaltasse que existe um "consenso político" sobre o acordo, Kothe disse que sua "forma técnica" ainda está sendo debatida.
Uma questão a ser discutida é sobre a sustentabilidade da dívida grega. O pacote é baseado na prerrogativa de que a dívida grega será reduzida dos atuais 162% do PIB para 120% em 2020.
Mas cálculos do FMI sugerem que a dívida será de 129% em 2020. A Comissão Europeia estima que esta ficará entre 122% e 123% do PIB naquele ano.
A diferença de seis ou sete pontos percentuais representa um furo orçamentário de 12 a 15 bilhões de euros.
Além dos 130 bilhões de euros, o acordo prevê o cancelamento de 100 bilhões de euros da dívida grega junto a bancos privados que aceitaram uma redução de 70% do que a Grécia deve a eles. Em troca, ele devem receber pagamentos imediatos em dinheiro e novos bônus com vencimento em 30 anos.

Consequências

Este é o segundo pacote de resgate financeiro para a Grécia. A ajuda de 110 bilhões de euros em 2010 não foi o bastante para a recuperação da economia do país.
Crise grega pode definir reputação futura da União Europeia
No domingo, milhares foram às ruas de Atenas protestar contra novas medidas de austeridade aprovadas pelo governo para reduzir seus gastos. O país demitirá 150 mil funcionários públicos até 2015, o salário mínimo será reduzido em 22% e aposentadorias de mais de 1,3 mil euros (R$ 2.900) terão corte de 12%.
O desemprego atualmente é de 20% (48% entre os jovens) e ocorreu um aumento de 25% do número de sem-teto no passado.
Uma em cada cinco pessoas em condições de pobreza na Grécia não pode comprar uma refeição com carne a cada dois dias.
O editor da BBC para a Europa, Gavin Hewitt, afirma que "é difícil lembrar de outra ocasião em que cortes assim foram exigidos de um país em queda livre econômica".
"O desafio para a União Europeia é enorme e definirá sua reputação no futuro: estariam eles resgatando um país ou ajudando a quebrá-lo?"

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