terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Naufrágio: investigação pode ser ampliada, diz defesa do capitão

Reuters
O navio Costa Concordia é iluminado após o anoitecer, no litoral da ilha de Giglio, no sul da Itália. Foto: AFP

Uma investigação criminal sobre a nefasta viagem do Costa Concordia, que terminou com pelo menos 15 mortos e o navio de cruzeiro naufragado na costa italiana, pode ser ampliada, disse um advogado do capitão nesta segunda-feira. O número de mortos inclui os corpos de duas mulheres encontrados por mergulhadores na segunda-feira. Suas nacionalidades até agora são desconhecidas.

O capitão Francesco Schettino foi acusado de provocar o acidente e está sendo investigado por homicídio múltiplo e por ter abandonado o navio de 450 milhões de euros (590 milhões de dólares) antes de os passageiros e a tripulação serem retirados. O advogado de Schettino, Bruno Leporatti, disse em um comunicado que evidências de telefonemas trocados entre seu cliente e os proprietários do navio, Costa Cruises, no momento do acidente, poderia levar a uma ampliação da investigação.
Ele disse que os telefonemas ao diretor de operações do Costa tinham "aberto outros canais para investigação que poderiam levar de forma razoável a um aumento no número daqueles que estão sob investigação". Terceiros poderiam "pelo menos ter contribuído para criar o evento trágico", disse Leporatti.
Segundo transcrições da investigação, Schettino admitiu se aproximar demais da costa. Leporatti disse que embora Schettino esteja disposto a aceitar sua parte da responsabilidade pelo ocorrido, outros fatores estavam envolvidos no acidente.
Investigadores dizem que ele levou o navio a 150 metros da costa, supostamente para "saudar" a ilha. Schettino disse que a manobra era comum, mas a empresa diz que não deveria ter sido feita tão próxima à costa.
A Costa Cruzeiros, uma unidade do Carnival Corp, a maior operadora de navios de cruzeiro do mundo, suspendeu Schettino e se declarou parte lesada no caso. Disse que "um erro humano infeliz" cometido por Schettino provocou o desastre.
A Costa Cruzeiros não recebeu nenhuma notificação de que estava sendo investigada, segundo um porta-voz da empresa. A companhia será franca com os investigadores e tem total confiança na magistratura, acrescentou.
Segundo transcrições do interrogatório de Schettino vazadas para a mídia italiana, o capitão disse que logo depois de atingir a rocha ele enviou dois de seus funcionários para a sala de máquinas para checar o estado da embarcação. Assim que percebeu a escala dos danos, ligou para Roberto Ferrarini, diretor das operações marítimas da Costa Cruzeiros.
"Eu disse a ele: 'eu me meti em uma confusão, houve contato com o fundo do mar. Estou dizendo a verdade, nós passamos sob Giglio e houve um impacto'", disse Schettino. "Não consigo me lembrar de quantas vezes liguei para ele na hora e quinze minutos seguintes. De qualquer forma, tenho certeza de que informei Ferrarini sobre tudo em tempo real".
Se a investigação for ampliada isso vai reduzir a exposição de Schettino, que até agora carregou sozinho a responsabilidade pelo desastre. Seu primeiro oficial, Ciro Ambrosio, também está sendo investigado.
Naufrágio do Costa Concordia
O cruzeiro Costa Concordia naufragou na sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até segunda, dia 23, 15 mortes haviam sido confirmadas. Ainda há desaparecidos, e prosseguem os trabalhos de busca. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas nenhum deles está entre as pessoas não encontradas.
O navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando houve a colisão. Houve pânico e reclamações de despreparo da tripulação. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele disse que estava no comando, mas um áudio divulgado para a imprensa, em que há uma discussão entre ele e a Guarda Costeira, indica que o capitão já estava na costa no momento do resgate.
Veja no mapa o local onde aconteceu o acidente:

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