quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Com recorde, manifestantes entram em confronto na Grécia

Manifestantes entraram em confronto com a polícia em frente ao Parlamento grego

Com mais de 120 mil pessoas nas ruas de Atenas, Salônica, Volos, Patras e outras cidades da Grécia, as manifestações contra as draconianas medidas de austeridade do governo se transformaram nesta quarta-feira num dos maiores protestos que já ocorreram no país desde o começo da crise. Manifestantes receberam a polícia com pedras e bombas incendiárias nas escadas do edifício do Parlamento, forçando-os a recuar. Gás lacrimogêneo lançado pela polícia tomava a Praça de Syntagma.

Pela primeira vez desde que a crise eclodiu há dois anos, os manifestantes chegaram às escadas do edifício. Trazendo na memórias as batalhas que marcaram os protestos em junho, mais de 5.000 policiais chegaram às ruas e o clima entre os manifestantes era de raiva. "Nós não temos futuro aqui. Todos os jovens querem ir para o exterior e eles estão certos em fazê-lo", disse Anastasia Kolokotsa, 17, protestando em frente ao Parlamento. "Não há empregos, não há nada aqui."
Muitos jovens manifestantes portavam capacetes e no início da tarde (horário local) houve outros relatos de confrontos longe da manifestação principal envolvendo jovens mascarados e vestidos de preto atirando coquetéis Molotov contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo. A greve de 48 horas deve parar departamentos governamentais, empresas e serviços públicos, bem como lojas e padarias. Cerca de 150 vôos domésticos e internacionais foram cancelados.
O primeiro-ministro, George Papandreou, que vai mal nas pesquisas de opinião, apelou pelo apoio dos gregos antes de o Parlamento votar as medidas, que incluem aumento de impostos, cortes salariais e demissões no setor público. Mas depois de várias rodadas de medidas de austeridade, a hostilidade ao governo e os credores internacionais exigindo uma ação mais dura que nunca atingiram novos níveis. Os sindicatos pediram que os deputados não aprovem a lei.
"Se eles têm alguma humanidade, decência, senso de orgulho e alma grega, eles devem rejeitar o projeto de lei", disse Nikos Kioutsoukis, um alto funcionário do sindicato do setor privado GSEE, que está liderando a greve com o sua contraparte do setor público ADEDY. Com a economia da Grécia já de joelhos, os manifestantes disseram que mais medidas de austeridade apenas colocariam o país em mais recessão.
"O declínio perigoso da economia e da sociedade deve parar", disse a associação empresarial GSEVEE. "Ela só leva a mais interrupções, desemprego, pauperização, déficits mais amplos e dívida ainda maior." Os sindicatos disseram antes da greve que esperavam uma das maiores manifestações desde o início da crise há dois anos. No início da tarde, fora do Parlamento, a Praça Syntagma estava cheia de manifestantes.
Apesar dos protestos, as ruas do centro de Atenas estavam estranhamente silenciosas, com cartazes dizendo "Estamos fechando hoje para não fecharmos para sempre", pendurados nas portas das lojas fechadas.

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