Presidente do Brasil viaja a Teerã e tenta evitar sanções da ONU ao país de Ahmadinejad

Em declarações à agência oficial Irna, Mehmanparast adiantou que o assunto será o tema principal da reunião deste domingo entre Lula e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
- O Irã percebe o terreno bem preparado para um acordo sobre a troca de combustível.
O porta-voz também se mostrou otimista quanto à efetiva assinatura do acordo, exigido pela ONU para evitar novas sanções econômicas ao Irã por causa de seu polêmico programa nuclear.
- Sobre as negociações, acredito que as condições tendem a levar a um acordo sério sobre a troca.
A queda de braço se agravou nos últimos seis meses, depois que o Irã colocou empecilhos a uma oferta de troca de combustível nuclear para seu reator civil e começou a enriquecer urânio a 20% por conta própria. As potências ocidentais acusam o país persa de tentar fabricar armas atômicas, insinuação que Teerã nega.
Desde então, os EUA, apoiados por França e Reino Unido - todos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - tentam aprovar uma nova série de sanções, que, segundo diplomatas, pode estar pronta em junho próximo.
A China e a Rússia, países com direito a veto no Conselho de Segurança, mantém uma posição ambivalente, pedindo mais negociação, mas acenando com sanções, caso o acordo falhe.
Já Turquia e Brasil, em princípio contrários a medidas punitivas, ganharam força como mediadores, papel que despertou suspeitas, especialmente do governo americano, que acusa o Irã de tentar ganhar tempo com as negociações.
O Irã exige que seu urânio "pobre" seja trocado por urânio enriquecido (a 20% de pureza) de forma simultânea em seu próprio território, sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), condição recusada pelas potências.
O Brasil sugeriu como alternativa que a troca seja feita em outro país, e apontou para o outro mediador, a Turquia, como solução. No entanto, primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, cancelou sua visita, programada para o mesmo dia da viagem de Lula. Mehmanparast disse que não há data estipulada para ele ir ao país, mas minimizou o efeito disso sobre um possível acordo.
- Seria melhor para Erdogan se ele pudesse estar fisicamente em Teerã, mas na era das comunicações, há outras maneiras de estar conectado.

Rússia alerta Irã de que visita de Lula
pode ser última chance de negociação
Presidente brasileiro tenta mediar crise nuclear antes que a ONU decida por sanções a Teerã

Foto:AFP
- Realmente espero que a missão do presidente brasileiro termine em um sucesso. É, talvez, a última chance.
Medvedev ainda calculou as chances de Lula conseguir um acordo com o Irã.
- Como Lula é otimista, serei também. Acho que ele tem 30% de chances de êxito.
Lula, por outro lado, foi mais ambicioso. Numa escala de 1 a 10, falou que as chances de sucesso estão em "9.9".
- Vou ao Irã com a convicção de que chegaremos a um acordo. Se não conseguirmos, voltarei feliz, porque pelo menos não fui negligente.
Medvedev fez a declaração durante entrevista coletiva conjunta com Lula, em Moscou. O presidente russo pediu que os líderes iranianos escutem as propostas do chefe de Estado brasileiro.
Próxima parada de Lula é no Irã
Depois da escala em Moscou, Lula segue para Teerã, onde vai encontrar o presidente Mahmoud Ahmadinejad.
O Brasil, junto da Turquia, tenta encontrar uma solução diplomática para a crise iraniana. O país persa insiste em desenvolver um programa nuclear, que diz ter fins pacíficos. Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha desconfiam, no entanto, das intenções de Teerã e querem que a ONU penalize o país com sanções econômicas.
Brasil e Turquia, membros rotativos do Conselho de Segurança, tentam achar uma saída negociada. Os dois países buscam retomar uma proposta inicial da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que previa que o Irã "terceirizasse" o enriquecimento de urânio, entregando a outro país (provavelmente a Rússia) combustível nuclear a 3,5% de pureza para receber em troca o material a 20%, o grau necessário para uso em seu reator médico.
EUA, Reino Unido e França, membros permanentes do Conselho de Segurança, dão as negociações por encerradas e querem sanções já. China e Rússia, outros dois membros permanentes, tentam dar tempo a Brasil e Turquia.
Lula quer diálogo
Lula, por sua parte, prometeu fazer o melhor que puder durante sua visita a Teerã para convencer o governo Ahmadinejad da necessidade do diálogo.
- Farei meu melhor para convencer meus parceiros da necessidade de diálogo.
Talvez o presidente brasileiro tenha a companhia do primeiro-ministro turco em sua visita a Teerã, o que pode aumentar a pressão sobre o Irã para que volte a negociar.
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